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Erivane Moreno

 

Hoje, a insuficiência istmo cervical (lIC) atinge 3% da população e portanto ela não tem sido plenamente estudada.

Porém, sabemos que o índice de mulheres que sofrem abortos espontâneos no primeiro trimestre é considerável, e neste caso, se ocorrer dilatação cervical mecânica com velas de Hegar para curetagens, isto poderia gerar o aumento de mulheres que estão ao longo do tempo adquirindo a insuficiência istmo cervical?

Mesmo assim muitos médicos desconhecem ou desvalorizam o quadro clínico da paciente. Então eu me pergunto: será mesmo necessário que uma mulher tenha que passar por uma, duas, três ou mais perdas, para que os médicos comecem a pensar na hipótese destas mulheres sofrerem de IIC?

A literatura mostra que o exame de toque não oferece precisão para saber ao certo as condições do colo do útero durante a gestação. Então porque não tornar como procedimento o ultrassom transvaginal (USTV) para o acompanhamento durante o prenatal?

Por desconhecimento médico? Porque ficaria caro para os Planos de Saúde a solicitação do USTV seguidas vezes para todas as gestantes?

Quando engravidamos, todos os médicos são unânimes em dizer: não coma muito para não engordar e faça exercícios, tais como: caminhada e hidroginástica voltada para gestantes. No demais, é vida normal porque gravidez não é doença.

Eu particularmente concordo que gravidez não é doença. Pelo contrário, é vida, é luz, é o momento mais intenso que uma mulher pode experimentar na sua vida. Mas as mulheres portadoras de IIC são privadas destes pequenos luxos que é fazer exercício durante a gestação. Do contrário, assim como eu, muitas tem que fazer repouso absoluto, tendo que ficar deitadas noite e dia durante toda a gestação mesmo tendo feito a circlagem.Oras, se os obstetras alertam as gestantes no início da gestação a respeito da diabetes gestacional e da pressão alta (eclâmpsia), porque também não informar que existe um problema que é responsável por 22% dos abortos espontâneos e/ou partos prematuros no segundo trimestre, por nome de insuficiência istmo cervical?

O Ministério da Saúde deveria criar um protocolo para que todos os médicos solicitassem o ultrassom transvaginal a fim de acompanhar a medida e as condições do colo do útero durante toda a gestação. Desta forma, ao perceber que a medida do colo está diminuindo, eles tomariam as providências necessárias de acordo com o tempo de gestação de cada mulher. Quem sabe assim o índice de abortos espontâneos/prematuridade em relação a IIC não diminuiria?

E mais: porque não alterar a grade curricular nas Universidades em cursos cuja especialização é a ginecologia/obstetrícia, abordando mais o tema: insuficiência cervical e circlagem? Explicando aos alunos que caso tenham uma paciente cujo colo dilatou-se derepente, existe uma técnica por norme de circlagem que pode, dependendo das condições do útero e estado geral da paciente, prolongar aquela gestação ou evitar o aborto espontâneo tardio. No entanto vemos vários relatos de gestantes que ao chegarem nestas condições ao hospital, os médicos, ao verem a dilatação do colo, ao invés de tentar salvar o bebê fazem o contrário: induzem o parto. E pior: muitas destas mulheres recebem alta hospitalar sem saber o que ocorreu. O que ocasionou a dilatação do colo do útero? Se o seu bebê estava vivo e não tinha má formação, porque lhe aplicaram medicações para induzir o parto e consequentemente o nascimento de um bebê prematuro que obviamente não conseguiria sobreviver?

Se são tantos os problemas no colo do útero, o que leva muitos pesquisadores a estudarem somente o colo, como se fosse um órgão independente do útero, porque não ensinar isto nas Universidades?

Se a IIC fosse ensinada de forma mais ampla nos cursos de medicina, não teríamos um número tão grande de ginecologistas/obstetras que não sabem realizar uma circlagem. Não teríamos que procurar médicos especializados em gestação de alto risco para fazer o prenatal e o melhor, não perderíamos os nossos bebês por desconhecimento médico.

Um outro ponto é que não existe exame para detectar o grau da flacidez do útero para as mulheres portadoras de IIC. Em muitos casos sabe-se o diagnóstico, mas por não saber o percentual de flacidez que o útero apresenta, muitos médicos realizam a circlagem (normalmente a McDonald) e não prescrevem o repouso, levando a aumentar o índice de morbimortalidade.

Muitas mulheres necessitam só da circlagem e repouso relativo (não pegar peso durante a gestação). Já outras, com o colo mais flácido, além da circlagem são obrigadas a submeter-se ao repouso absoluto (como foi o meu caso) e mesmo assim com previsão de parto prematuro, porque o colo do útero estava, segundo o meu obstetra, "uma gelatina" de tão flácido.

E finalmente, por que a maioria dos médicos só realizam a técnica de circlagem McDonald, o que nem sempre resulta no sucesso esperado? Por que não fazer a circlagem dupla, transabdominal ou a de Lash, onde já vimos que muitas mulheres conseguiram ter os seus bebês a termo, sem tanto sacrifício em relação ao repouso e como consequencia se animaram a engravidar novamente e conseguiram ter outros filhos?

As perdas gestacionais no segundo trimestre de gestação gera um trauma muito grande para a maioria das mulheres, e estas, quando conseguem realizar o sonho de ser mãe, se vêem fadadas a serem mães de filho único, tamanho o medo de tentarem novamente e passarem por todo o processo de circlagem e repouso e mesmo assim, sem ter a certeza de que seu bebê nascerá a termo.

O certo é que por não ser divulgado, não há estudos recentes nesta área e a maioria dos médicos desconhecem a IIC e não sabem qual a melhor medida a ser adotada.

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Erivane Moreno

 

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