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Entrevistas

 

Dr. Caio Coelho Marques
Dúvidas sobre cerclagem McDonald

 

O grande mestre, pesquisador e conhecedor sobre cerclagem uterina no Brasil - o professor da PUC do Rio Grande do Sul, Dr. Caio Coelho Marques preparou uma matéria especialmente para o site Cerclagem. Tire aqui as suas dúvidas.


A cerclagem à Mcdonald é simples e segura?
Sim, tem bons resultados para o feto e mínimas complicações maternas.

O índice de infecção é maior para a mulher que realizou esse método de cerclagem?
Não, a infecção independe da técnica de cerclagem.

Já fiz a cerclagem McDonald e ela falhou. Ela deve ser indicada numa próxima gestação ou o ideal é fazer outro método?
Pode ser esta mesma técnica.

O risco de esgarçar os pontos é maior fazendo a cerclagem Mcdonald?
Não. Independe da técnica: (McDonald, Shirodkar, Palmer).

Fiz a cerclagem à McDonald. Tenho que fazer repouso absoluto?
Não, mas deve-se individualizar cada paciente segundo os seus hábitos de vida e ponderar que a atividade física pode diminuir a idade gestacional em gestações de alto risco.

Qual a diferença entre cerclagem McDonald simples e dupla?
A dupla sutura seria utilizada na tentativa de se conseguir chegar mais próximo do orifício interno.

A cerclagem dupla é mais forte ou diminui o risco de infecção?
Não. De acordo com a publicação realizada na revista Am J Obstet Gynecol. de janeiro de 2011” Effect of 2 stitches vs 1 stitch on the prevention of preterm birth in women with singleton pregnancies who undergo cervical cerclage”;  mostra que a dupla cerclagem aumenta o comprimento do colo, mas não a duração da gestação. A segunda sutura  é realizada na tentativa de se colocar a sutura em um nível mais superior nos casos onde o colo já se apresenta modificado.

Na sua opinião, a cerclagem McDonald é fraca?
Não, ela é uma boa técnica.

Por que a maioria dos obstetras só sabem realizar a cerclagem à McDonald?
Porque a patologia IIC é uma patologia de fraca prevalência e a cerclagem é realizada raramente e fica difícil o aprendizado pelo pouco número de pacientes.

Pelo SUS só encontro médicos que realizam cerclagem McDonald. O que devo fazer se quero fazer uma cerclagem mais forte? Tenho direito de exigir qual o método de cerclagem que quero fazer? 
O ideal é uma parceria sem exigências... Qualquer pessoa envolvida em um caso (paciente, familiar, médico) pode sugerir uma técnica, mas jamais tentar impor alguma coisa. Deve ser lembrada que a medicina fornece meios, mas não garante a cura ou o sucesso do tratamento. Também, se for exigida uma técnica que o médico não está familiarizado, ela pode não ser feita a contento e se ela falhar a “pretensa culpa” poderá ser de quem exigiu essa técnica diferente.


CONSIDERAÇÕES

  1. A etiologia da prematuridade é multifatorial, mas há consenso na literatura médica que a grande causa está ligada à infecção localizada no aparelho reprodutor ou disseminada na mãe;
  2. As causas da IIC também são múltiplas, algumas ligadas à malformação do colo uterino, outras à alteração genética materna, à lesão local por algum parto ou curetagem  anterior. Na IIC a infecção não está à causa primária, mas ela é a conseqüência e o fator desencadeante do processo.
  3. A vagina é rica em bactérias que conferem condições adversas a outras bactérias estranhas ao meio, fazendo a proteção da vagina.
  4. No caso de uma IIC, com a dilatação do colo e o prolapso das membranas pelo colo uterino, muitas vezes há a contaminação, desencadeando o processo de expulsão do feto.
  5. A cerclagem, por qualquer técnica, de per si, não aumenta o risco de infecção, mas as condições encontradas na ocasião de várias cerclagens realizadas mais tardiamente quando o colo uterino já apresenta modificações favorecem o risco de infecção.
  6. A cerclagem à McDonald é mais fácil de ser realizada, mas muitas vezes não atinge o orifício interno do colo uterino por não dissecar o espaço entre o colo uterino e a bexiga, o que é feito na s cerclagens à Shirodkar e à Palmer.


Especialista em IIC, o professor Dr. Caio Coelho Marques do Rio Grande do Sul é um dos poucos pesquisadores no Brasil sobre o tema.
Professor na PUCRS, o Dr. Caio encabeçou uma pesquisa realizada no Hospital São Lucas da Faculdade de Medicina da PUCRS - o único centro participante em toda a América de uma pesquisa internacional, multicêntrica que busca esclarecer se, além da circlagem clássica, uma segunda sutura aumentaria as chances de prolongar a gestação e permitir que mais mães levem os seus filhos para casa.
Esse estudo foi coordenado pelo Professor Niels Jørgen Secher, da Copenhagen University, no Hospital in Hvidovre, Dinamarca, no site www.cervicalocclusion.com , abrangendo diversos países.
Para quem mora na região Sul do país vale a pena procurá-lo.

 

O Dr. Caio Coelho Marques possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1968) e doutorado em Medicina - Universidad Del Salvador - Argentina (1993). Máster em Bioética y derecho pela Universidad de Barcelona - Espanha (2004). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Idealizador e moderador do Fórum de Ética em Pesquisa no site da PUCRS. Membro do Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS desde 1992, tendo exercido todos os cargos neste comitê. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em perinatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: obstetrícia, medicina fetal, ginecologia, bioética clínica e erro médico.

 

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