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Entrevistas

 

Dr. Ricardo Barini
Professor livre-docente da disciplina de obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP

 

Tive o prazer de entrevistar pessoalmente o Dr. Ricardo Barini, “Professor Livre-Docente da Disciplina de Obstetrícia, Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Coordenador do Programa de Medicina Fetal e Imunologia da Reprodução, Disciplina de Obstetrícia, Departamento de Tocoginecologia da UNICAMP. Coordenador do Ambulatório de Perdas Gestacionais Recorrentes, Divisão de Obstetrícia, Departamento de Tocoginecologia, CAISM /UNICAMP”.

Em seu consultório na Vila Olímpia em São Paulo/SP, recebeu-me com muita gentileza e mostrou-se disposto a participar do meu livro e deste projeto de divulgação da insuficiência istmo cervical para a população em geral.

Com a participação de seu companheiro, Dr. Marcelo Luiz Nomura, cujo currículo não é menos apreciável, “Mestre e Doutor em Obstetrícia pela UNICAMP, Médico assistente do CAISM-UNICAMP, Coordenador do Ambulatório de Pré-Natal de Alto Risco da Secretaria de Saúde e Maternidade de Campinas, Especialista em Medicina Fetal pela FEBRASGO, Membro da comissão nacional de gestação de alto risco da FEBRASGO, segue abaixo os trechos mais importantes que constarão em meu livro referente às dúvidas de várias leitoras em relação à insuficiência istmo cervical e circlagem:
 

Do que é composto o colo do útero? É um músculo?
O colo do útero não é um músculo, como muitos pensam. O colo do útero é composto de tecido conjuntivo (uma matriz que sustenta as células), fibras elásticas e de colágeno, glândulas e poucas células musculares. As alterações do colo em mulheres com insuficiência cervical estão relacionadas ao amolecimento e frouxidão, características relacionadas ao tecido conjuntivo e a quantidade de fibras elásticas e de colágeno.

O que é Incompetência Istmo Cervical (IIC)?
É um defeito do canal cervical que perde, ou não tem congenitamente, a capacidade de suportar o peso da gravidez sem se dilatar. Hoje, preferimos usar o termo “insuficiência” ao invés de “incompetência” do istmo-cervical.

É possível detectar a IIC na primeira gestação, logo no início, ou é necessário ocorrer o aborto espontâneo tardio para suspeitar da IIC?
É possível suspeitar através de exames de ultra-sonografia. Como tem sido quase rotina a realização do ultra-som para a translucência nucal com 12-12 semanas, nesta fase já se realiza uma medida do colo uterino. Mas a época ideal para se investigar a IIC é a partir de 16 semanas, nos casos de pacientes já com a suspeita clínica por uma perda anterior ou por um parto prematuro precoce com história de dilatação silenciosa (sem dor). Nas pacientes sem antecedentes, essa pesquisa se faz agora na rotina do ultra-som de 20 semanas (chamado de morfológico). A verificação de um colo uterino curto (com menos que 2,5 cm) é indício de alto risco de prematuridade e pode ser o primeiro passo para se identificar a IIC em pacientes assintomáticas e sem antecedentes clínicos. Outra proposta, nos casos de dúvidas de diagnóstico e se fazer o exame com compressão do fundo uterino e verificando se aumenta o encurtamento ou o afunilamento do colo, ou se fazer o ultra-som transvaginal com a gestante em pé, o que imita a compressão do colo pela gravidade. Mas não há consenso na literatura médica sobre qual o melhor método para o diagnóstico da IIC na primeira gravidez.

O que é circlagem uterina?
É a colocação de um fio de sutura no colo uterino para impedir sua dilatação antes do tempo desejado, isto é o termo na gestação.

A circlagem é indicada somente para mulheres portadoras de incompetência istmo cervical?
Sim, essa é a indicação precisa.

Qual o melhor período para se fazer a circlagem uterina em uma gestante portadora de IIC?
Sempre depois de 12 semanas e de preferência antes da 20ª semana.

Quais as melhores condições para se realizar a circlagem?
Colo não dilatado e sem sinais de infecções (o que deve ser confirmado por exames de culturas específicas).

Qual a diferença entre circlagem simples e circlagem dupla?
Uma usa um ponto apenas e a outra, dois fios. Na circlagem dupla os pontos se somam na sustentação do colo, impedindo que o esforço do peso da gravidez rasgue o colo e force uma dilatação silenciosa.

É possível fazer circlagem antes de a paciente engravidar? Por quê?
É possível e é indicado nos casos mais graves, geralmente com uma lesão no colo uterino que impede uma circlagem na gestação (por exemplo, uma paciente que tenha sido submetida a uma cirurgia de conização do colo ou uma amputação por câncer in situ, ou que tenha uma lesão traumática em outro parto).

Quais as anestesias utilizadas para realização da circlagem?
De maneira geral se utiliza a anestesia loco-regional: raquídea ou peridural. Raramente é necessária anestesia geral.

Toda mulher que possui o colo incompetente tem que colocar os óvulos de progesterona via vaginal? Para que eles servem? A partir de quantas semanas de gestação eles deverão ser utilizados?
Não há consenso se a progesterona deve ser usada por todas as mulheres que fizeram circlagem. A progesterona está indicada para mulheres que tem antecedente de parto pré-termo, ou seja, antes de 37 e depois de 24 semanas, ou que tenham colo uterino curto (menor que 25 ou 15 mm). Portanto, para as mulheres circladas com estes antecedentes a progesterona deve ser usada; para as outras não há consenso absoluto e a decisão deve ser individualizada para cada mulher.

Por que a IIC não é propagada sendo que a cada dia que passa aumenta o número de mulheres portadoras desta anomalia?
Não há estimativas confiáveis do número de mulheres portadoras de insuficiência cervical, apenas da incidência desta em portadoras de perdas gestacionais de repetição. Não há evidências que o número de portadoras esteja aumentando. A importância da insuficiência cervical reside no impacto emocional que perdas de repetição causam nestas mulheres (aspecto que não pode ser negligenciado), nas seqüelas graves da prematuridade extrema associada aos partos muito precoces e na mortalidade destas crianças. A incidência, portanto, mesmo não sendo elevada ou crescente, é secundária, diante do grande impacto desta condição clínica na vida das mulheres e seus filhos.

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Erivane Moreno

 

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